O dia hoje começou com um corre-corre sem fim. De casa para a acupuntura, depois de volta para casa, então levar o Otelo no pet shop, passar na costureira e pegar o Otelo no pet shop. Tudo a pé, debaixo de um sol impiedoso. Por fim, entrei debaixo do chuveiro e saí, e almocei um copo de vitamina de frutas antes de correr para o trabalho, onde cheguei quase 20 minutos atrasada.
A caminho do trabalho, recebi uma notícia que me abalou profundamente. A morte do pai de uma amiga próxima me fez sentir nauseada, com um desconforto que não sabia definir bem por onde passava.
No trabalho, pedi para fazer releases que já tivessem as informações todas apuradas, pois não estava com vontade de falar com ninguém. Minha coinquilina me mandou e-mail falando sobre planos legais que temos a intenção de realizar em breve e eu não consegui pensar sobre eles. Só conseguia pensar na minha amiga e em como gostaria de dar um abraço nela e dizer que ela pode contar comigo a hora que quiser e para o que quiser.
Combinei com meus outros amigos e parceiros de projeto experimental um meio de irmos para Itabira, cidade da nossa amiga e de sua família. Vamos amanhã de manhã e voltamos pela manhã mesmo. Só para dar um abraço, que é o que nossas limitações nos permitem.
Agora são 17:20, e cai um temporal como não me lembro de já ter visto. O dia virou noite em menos de 20 minutos. As nuvens pretas, desafiadoras, estão baixas como se pudessem ser tocadas da janela da nossa sala, no 6º andar. A água cai com força e raiva. É um espetáculo bonito, apesar de furioso e assustador. Todas essas gotas de chuva, bem devagarinho, começam a lavar minha alma e tirar daqui a sensação que me consumiu o dia.
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