Hoje acordei doendo. Mas um pouquinho só. Uma dorzinha sem lugar, aquela dorzinha sem lugar. O dia está nublado, um friozinho... eletricidade estática no ar, pressão atmosférica baixa, minha libido – no sentido amplo, da energia vital – também. As nuvens são completamente diferentes daquelas, mas foram suficientes. Ouvi uma música no rádio. Era diferente, mas também bastou.
O tempo começou, lá pelo meio da manhã, a chover em mim. É uma chuvinha fina, que não molha, mas que entra pelo corpo e chega nos ossos. E em mim, chove dentro. Em algum lugar atrás-sobre-dentro do buraco na minha barriga, perto do estômago.
Uma vontade de ficar pequenininha... de ficar amuadinha, encolhidinha, invisivelzinha e quietinha. Mas não dá. O mundo é agora, como já me falaram, e ele não vai me permitir esse capricho. A aula que não aconteceu urge, comprar uma impressora urge, o estágio urge e eu tenho que atender. Tenho? É, acho que tenho...
Normalmente quero mais: mais tempo, mais dinheiro, mais diversão, mais um monte de coisas. Não estranhamente, agora quero menos. Menos lembrar, menos memórias, menos reviver as coisas mentalmente incessantemente, menos recaídas, menos momentos na cabeça, menos associar, menos.
A dorzinha, identifiquei no carro, é dor de quem-quando-onde-como. Em condições climáticas – de dentro e de fora – adequadas, ela condensa e faz cair a chuva aqui. Quero ir à farmácia e pedir:
- Moço, remédio para aquela dorzinha. Uso externo ou comprimido, até injeção. Tem?
Dorzinha sem-remédio, então. Mais uma vez, dar tempo ao tempo. Dor de quem-quando-onde-como faz parte de uma síndrome, acho. Em alguns dias os sintomas estão mais brandos, em outros...
Engraçado como está tudo apertado hoje. A sala está tão apertada e a moça da limpeza, enorme. Me aperta no cantinho, e eu diminuo. O carro, apertado, o trânsito. Apertadas as minhas roupas. É o buraco por onde transita a chuva... aperta o coração e o resto.
Quero-preciso let go.
Ai, saudade bandida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário