quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Balanço de fim de ano

Vou fazer meu balanço de 2009 agora, porque sei que amanhã não vai dar tempo. E, se a Globo pode fazer a Retrospectiva dela hoje, eu também posso!

- Formaturas: 2

- Estágios: 2

- Amigos reconquistados: 12

- Amigos perdidos: 1

- Cachorros comprados: 1

- Namoros desfeitos: 0

- Brigas com o namorado: incontáveis (mas feias mesmo foram só umas duas ou três)

- Móveis na sala de casa: 0 (considerando que borboleta de origami não conta como móvel)

- Receitas incorporadas ao menu pessoal: 2 (boas!)

- Quilos perdidos: 6

- Quilos ganhados: 2

- Dias de férias: 2

- Viagens realizadas: 5 (pro Rio, só conto a do Carnaval, que foi de moto. As outras não valem)

- Outros: comecei a estudar Espanhol e a fazer capoeira, comprei o pacote de depilação a laser e tive a Laura - amiga italiana - morando comigo por quatro meses.

Saldo: positivo

domingo, 27 de dezembro de 2009

Delicadeza de Natal

Tudo começou com as etiquetas dos pijamas. Quando eu era pequena, minha mãe me colocava no colo para me ninar à noite, já de pijamas, e eu esfregava a etiqueta da roupa dela enquanto chupava o polegar esquerdo. Mas, como minha mãe trabalhava fora o dia inteiro e eu ficava com meus avós, Vô Zé me comprou um lenço de seda indiano para eu esfregar enquanto chupava o dedo.

Durante todos os anos em que chupei dedo - acho que parei com uns sete ou oito - foram, talvez, dezenas de “lencinhos" que eu esfregava até puir um tecido no outro. A perda de um lenço era como a perda de um ente querido. Ainda me lembro da vez em que um deles voou da janela do carro na ponte Rio-Niterói. Fiquei sem dormir aquela noite porque não queria o lenço que minha mãe já tinha de reserva em casa. Queria o meu lencinho que tinha voado na ponte.

Com o passar do tempo, eu comecei a usar aparelho, parei de chupar dedo, comecei a ter vergonha da mania, adquiri outras tantas manias e o lencinho – sem seu fiel companheiro Polegar Esquerdo – também acabou caindo em desuso na minha vida.

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Ontem fui à casa dos meus avós paternos – Vó Mana e Vô Zé. Minha avó já havia me dado seu presente de Natal: uma colcha de retalhos! Já meu avô, velhinho, não havia me dado nada. Ele me viu deitada no sofá, assistindo ao Caldeirão do Hulk na tv e, magrinho, achou um lugar para se sentar ao meu lado. Olhou para mim com aquela cara sorridente que ele sempre tem e falou:

- Raquel, me faz um favor??

- Claro, vô. Pode falar, respondi

- Mas faz mesmo??? - Confirmou ele, pegando alguma coisa no bolso

- Faço, pode falar, respondi já imaginando ter que ir à padaria comprar um refrigerante ou coisa parecida

- Toma esse dinheiro e compra um “lencinho” pra eu te dar de Natal! - disse Vô Zé com a cara mais marota que se pode esperar de um senhor de quase 80 anos

Fiquei comovida com o gesto delicado e, ao mesmo tempo bem humorado do meu avô. Me surpreendi com sua presença de espírito, para mim, atípica em uma pessoa próxima das oito décadas de vida.

O “lencinho” se transformou em uma calça saruel de malha que fiz questão de mostrar para ele.

- Aqui, vô, o presente que você me deu de Natal!

- Ihh! Buniiita!

Meu avô é uma gracinha.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

De dor e chuva

O dia hoje começou com um corre-corre sem fim. De casa para a acupuntura, depois de volta para casa, então levar o Otelo no pet shop, passar na costureira e pegar o Otelo no pet shop. Tudo a pé, debaixo de um sol impiedoso. Por fim, entrei debaixo do chuveiro e saí, e almocei um copo de vitamina de frutas antes de correr para o trabalho, onde cheguei quase 20 minutos atrasada.

A caminho do trabalho, recebi uma notícia que me abalou profundamente. A morte do pai de uma amiga próxima me fez sentir nauseada, com um desconforto que não sabia definir bem por onde passava.

No trabalho, pedi para fazer releases que já tivessem as informações todas apuradas, pois não estava com vontade de falar com ninguém. Minha coinquilina me mandou e-mail falando sobre planos legais que temos a intenção de realizar em breve e eu não consegui pensar sobre eles. Só conseguia pensar na minha amiga e em como gostaria de dar um abraço nela e dizer que ela pode contar comigo a hora que quiser e para o que quiser.

Combinei com meus outros amigos e parceiros de projeto experimental um meio de irmos para Itabira, cidade da nossa amiga e de sua família. Vamos amanhã de manhã e voltamos pela manhã mesmo. Só para dar um abraço, que é o que nossas limitações nos permitem.

Agora são 17:20, e cai um temporal como não me lembro de já ter visto. O dia virou noite em menos de 20 minutos. As nuvens pretas, desafiadoras, estão baixas como se pudessem ser tocadas da janela da nossa sala, no 6º andar. A água cai com força e raiva. É um espetáculo bonito, apesar de furioso e assustador. Todas essas gotas de chuva, bem devagarinho, começam a lavar minha alma e tirar daqui a sensação que me consumiu o dia.

domingo, 4 de outubro de 2009

O sonho glutão

Dia desses sonhei que tinha ido a uma festa em que o menu era composto só de doces. Aliás, em alguns momentos do sonho pensei que fosse uma degustação de doces ou coisa parecida. Eu estava com um vestido de festa muito bonito. Era azul, e tinha bordados de pedras. Meu cabelo estava com um penteado muito chique.

Lembro que no sonho eu comia, comia muitos doces. Rocamboles, casadinhos, mil folhas, quindins, trufas, brigadeiros, profiteroles, bombons, uma infinidade de doces deliciosos. Ao sair do lugar, enquanto esperava o carro – ou taxi, vai saber – com meus pais, ainda tinha um pratinho que havia pego para levar.

Na manhã seguinte, acordei sobressaltada. Me arrumei correndo e saí para a faculdade um pouco mais cedo. Passei em uma farmácia que tem no caminho e me pesei. Alívio: ainda estava com os mesmos 59kg de sempre!


E ela jejuou - feliz? - para sempre

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Perfeito

Um fim de semana perfeito começa na sexta-feira à tarde. Esse seria o momento de dar uma passeada pela Savassi, tomar um cappuccino shake no Café Três Corações, entrar em todas as lojas e olhar as coisas bonitas longamente. Como estamos falando do fim de semana perfeito, seria início de mês, e eu teria dinheiro para comprar uma sandália linda, uma calça que vestiu super bem e uma blusinha modernosa. À noite, eu em contraria algum amigo, ou um pequeno grupo de amigos para uma cerveja de leve em algum lugar gostoso e com música ao vivo. De preferência, o Normal, onde o Kelber toca deliciosamente todas as sextas à noite.

No sábado de manhã, a boa seria dar uma corridinha por aí com o Namo. Às vezes, praticamos um esporte que se chama corremorar, em que os participantes correm e namoram ao mesmo tempo. A parte da corrida fica prejudicada, mas o namoro agradece. Idealmente, Otelo seria comportado o suficiente para nos acompanhar nesse programa e faria todo o percurso sem embolar a coleira nas nossas pernas e sem sentar no chão, empacado que nem mula, com a língua igual a uma gravata após meia hora de passeio.

Terminado o trajeto, nos sentaríamos em uma mesinha do ¡Me gusta!, na Lagoa Seca, e tomaríamos um frozen yogurt. Depois iríamos para casa preparar o almoço. Descansaríamos à tarde, para irmos a algum programa bacana com nossos amigos à noite. Nada de boate, porque não tenho saco, mas um samba seria ótima opção. Nos divertiríamos horrores e sairíamos do lugar suados de tanto sambar.

Domingo de manhã seria de enrolar na cama até umas 10h, e sair para tomar um brunch no Café Status. Daríamos uma volta por aí, vendo lugares bonitos e pessoas diferentes. Como seria um dia de sol, poderíamos dar uma ida rápida ao CEU tomar um banho de piscina e um solzinho. Voltaríamos para casa à tarde e assistiríamos às séries do Universal Channel até a noite, quando fecharíamos o findi com uma ida a um café ou a uma sorveteria gostosa.

Todos os meus fins de semana até hoje foram diferentes desses planos. Gosto disso.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Raquel

Desde muito nova lamentei o fato de não existirem músicas – boas – com o nome Raquel. Tantas possibilidades de rima, tanta sonoridade e nenhum artista inspirado para pôr letra e melodia ao redor dessas seis letras. Beatrizes, Luízas, Carolinas, Marianas, Roxannes – só para citar algumas – todas agraciadas com letras de músicas, mas nenhuma Raquel teve o mesmo privilégio. Frustrante, essa é a palavra.

Um pouco mais velha, minhas pretensões aumentaram. Já não bastava ter uma música com meu nome. O sonho dourado passou a ser ter uma música feita para mim. Meu nome na música já não era importante. Aliás, era até melhor que ele não estivesse explícito. Queria alguma que eu ouvisse e soubesse exatamente, e melhor do que ninguém, o que aquelas palavras continham. Como quando escrevo alguns textos: a maioria das pessoas tem um nível de compreensão global, mas uma determinada pessoa consegue entender em profundidade.

Semana passada, em uma aula de Espanhol, a descoberta: o músico uruguaio Jorge Drexler, autor de músicas que adoro, me fez feliz sem saber. A sua música Raquel é uma graça, e muito agradável aos meus ouvidos.

Um passo de cada vez.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Em japonês

Prometo que em breve vou escrever no blog. Prometo! Enquanto isso, deixo com vocês um clipe muito bem editado que o Namo me enviou dia desses. E a música também é gostosinha, mesmo sem eu entender uma linha do que diz...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Partida

Era para esse post ter saído há mais tempo mas, como tudo na minha vida, procrastinei. Ei-lo, finalmente.

No último feriado, de 1 de maio, viajei para a casa dos meus pais. Fui sem o Namo, porque tinha o objetivo de ser algo que não tenho sido muito ultimamente: filha. Com Papis e Mamãe morando longe, tenho sido muito dona-de-casa, estagiária, namorada, amiga algumas vezes, mas tenho sido bem pouco filha. Assim, fui. Sozinha, com minha mochila enorme e uma revistinha para passar a hora no avião.

O feriado correu tranquilo. Familiar. As regalias que pai e mãe nos proporcionam não valem só por serem regalias. Valem por serem uma forma de carinho, tão típica de pais. Fizemos coisas que costumávamos fazer alguns anos atrás, como sair para alguma cidade perto para dar um passeio e almoçar alguma coisa diferente e gostosa. A bola da vez foi Cabo Frio, que eu não conhecia. Também usei e abusei dos colos de papai e mamãe, e quase me senti com 17 anos novamente.

Algumas coisas nunca mudam. Outras, sim. A volta para casa caiu no dia da final dos torneios estaduais de futebol. No Rio, Botafogo x Flamengo. Um clássico. Na minha casa, nunca se acompanhou futebol. Meu pai sempre foi muito nerd para gostar de futebol, e meu tio, irmão dele, muito desregrado e perna-de-pau para jogar. E, não jogando, não gosta. A única a gostar de futebol é minha prima, de 14 anos. Torce loucamente pelo Botafogo. Por influência dela, acabamos acompanhando um pouquinho mais o esporte.

Meu voo para casa era às 19:19, por isso tivemos que sair de casa justamente no horário do jogo. Pudemos ver quase o primeiro tempo todo em casa. O segundo, fomos ouvindo no rádio do carro. Jogo eletrizante, mesmo para quem não gosta nem acompanha futebol. O Flamengo havia feito dois gols, e já não acreditávamos que o Botafogo tivesse a chance de ser campeão. Foi quando o Bota fez dois gols em questão de cinco minutos ou menos. A partida terminou empatada, a final do Campeonato Carioca ficaria para os pênaltis.

Chegamos ao aeroporto justamente no intervalo para a cobrança dos lances, e ainda estávamos muito adiantados para eu pegar meu voo. Sugeri que ficássemos no carro para continuar escutando o jogo na Rádio Globo (com eco no “ô-ô-ô”), mas meu pai não gostou muito da ideia. Como ele também queria ver o final do jogo, ele mesmo sugeriu que procurássemos uma televisão dentro do Santos Dumont. Não tinha. Fomos até a guarita dos seguranças do estacionamento do aeroporto, que estavam assistindo à partida em uma televisãozinha portátil em preto-e-branco.

Senhor, para embarque é só seguir até o final do corredor e virar à esq...

Já começaram os pênaltis?, perguntou meu pai, com seu jeitão seco e de poucos amigos.

O segurança respondeu que não meio ressabiado, e perguntei a ele se podíamos terminar de assistir ao jogo ali. Solícito, como a maioria dos cariocas, ele respondeu que sim, e ficamos comentando o jogo enquanto os times se preparavam para a cobrança dos pênaltis.

Outro grupinho de pessoas se juntou a nós, tentando ver alguma coisa na telinha de cinco polegadas. Foi nessa hora que eu me dei conta da situação em que estava. Meu pai, minha mãe e eu, que nunca havíamos gostado nem acompanhado futebol, esperando para assistir ao fim de uma partida em uma televisãozinha nanométrica num estacionamento mal iluminado de aeroporto, junto com outras dez pessoas e alguns morcegos. Olhei para meu pai e para minha mãe, com os olhos vidrados na telinha. Sorri, percebendo que a gente aina pode se surpreender com as pessoas mesmo depois de tantos anos de convivência.

O jogo? Terminou 4 a 2 para o Flamengo. E eu peguei meu voo para casa.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Considerações, aforismos e afins

Odeio sentir que me fazem de otária. Talvez seja essa a sensação que mais odeio.

I feel nautious with people's vulgarity.

Como é tênue uma relação de amizade, e como é fácil desprezá-la em prol de outros interesses. Seria a amizade, enfim, uma relação puramente de interesses, podendo ser descartada tão logo sejam atingidos os objetivos almejados?

É triste sentir-se sozinho, mais ainda quando cercado de pessoas que você conhece, e que te conhecem bem.

A rotina é uma espiral sem fim. Um redemoinho no mar: por mais que você consiga respirar fora dele por alguns segundos, logo ele te engole novamente, e você nem se dá conta.

A paixão é egoísta na mesma proporção em que o amor é cego.

“O trabalho enobrece o homem”. Deve-se, ainda, avaliar se é melhor morrer nobre e enfadonho, ou um divertido plebeu.

Descobri, recentemente, que a mais perigosa droga é o padrão de vida.

Como saber quem te trata como opção, para que você não o trate como prioridade?

Cansei de estar ali para quem não está nem aí.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Eis que...

Um dia, aquilo que você planejou por meses acontece! Aquele fato que você confabulou, arquitetou, tornou possível. Logo aquele, que ocupou suas tardes, te fez mudar de planos, te causava ansiedade. Aquele que, depois de passado tanto tempo, você achava que não seria mais possível.

Mas aconteceu! Finalmente! Não do jeito que você havia imaginado, mas mesmo assim o dia chegou!

E só então você percebeu que não era bem isso que você queria.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

"O mar serenou quando ela pisou na areia..."

E meu coração-mente-espírito-estômago, quando vai serenar?

sábado, 21 de março de 2009

... pois já vai terminando o verão, enfim

Música melancólica, de fim de verão. Dê play no vídeo enquanto lê.



Há muitos dias tenho desejado que o verão acabe e o inverno chegue logo, com suas temperaturas amenas e seus dias de frio seco, sem chuva.

Ontem começou oficialmente o outono. Já no primeiro dia, trouxe para a minha casa aquele vento característico, forte e denso. Me remeteu a um período que não sei bem qual é, mas abriu em mim aquele buraco perto do estômago. Me senti sozinha, quis colo. Quis minha mãe, que está mais longe do que de costume. Quis o barulho das chaves do meu pai, abrindo a porta de casa mais ou menos às oito e meia da noite. Lembrei de uma época feliz, mas que me trouxe um desconforto grande depois. Senti esse desconforto.

Achei que fosse gostar do dia em que acabasse o verão. Mas o vento de outono trouxe também uma grande melancolia.



quarta-feira, 11 de março de 2009

O Armário pergunta

Dia desses almocei em um restaurante que também é doceria. Era sexta-feira, eu estava sozinha e comia tranquila em uma mesinha que ficava perto do balcão. Entre uma garfada e outra, eis que chega ela: a Perua. Vestido vermelho, tomara-que-caia (foda-se a reforma ortográfica, quero os hifens!), sandalinha de salto, empregada de branco, uniformizada, ao lado.

Pelo que pareceu, chegou aos 48 minutos do segundo tempo de uma partida que só ela estava jogando. Entrou na loja, colocou os óculos escuros de hastes douradas na cabeça, balançou os cabelos compridos e alisados. Queria uma torta pequena. Assim, de sopetão, a única opção era uma tortinha de amendoim, para cerca de dez pessoas.

- Não tem menooor??

- Não... no momento só temos essa... - respondeu o balconista.

Resignou-se em levar aquela mesmo, e pediu um refrigerante grande. O balconista lhe apresentou uma garrafa PET de Kuat, que não era “Zero”.

- Só tem eeesse??, perguntou a Perua apressada e com ares que ficavam entre a indignação e o desprezo.

- É... grande só temos esse mesmo...

Aparentemente atrasada para algo im-por-tan-tís-si-mo, a perua aceitou o Kuat que não era “Zero”. Dispensou a sacolinha plástica – atitude legal, reconheço – e colocou a garrafa em uma bolsa de pano estampada de bolinhas, que quase jogou em cima da empregada-uniformizada-de-branco.

Visivelmente apressada, ela abriu sua maxibolsa, balançou os cabelos mais uma vez e perguntou onde ela pagava a compra. O balconista indicou o caixa, que estava a uns três passos da perua. Sacando do cartão de créditos, ela perguntou, alto, dentro da confeitaria:

Quê que eu falo???

E aqui, estimado leitor, eu pergunto: o que ela fala?

Opção 1 – Estou levando 1,5 kg de músculo e 2 kg de moela. Quanto dá?

Opção 2 – Meu marido me trocou por duas de vinte... legítimas!

Opção 3 – Oooooiii, Fulana! Preciso de um looosho de massagem hoje! Você tira aquele resto de mousse da mesinha pra eu deitar?

Opção 4 – São 300 ml de silicone, uma lipo na região abdominal e um retoque no nariz. Posso dividir no cartão?

Opção 5 – Empregada-uniformizada-de-branco, liga pro meu analista. Agora!

Vote, dê sua opinião! A resposta preferida pelos leitores será afixada na vitrine da confeitaria para auxiliar a perua em suas próximas compras de torta-e-refrigerante.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Ombudsmulher

Reconheço, confesso, admito: roubei o título da coluna do Carol, e-zine do curso de Comunicação da UFMG. E, a bem da verdade, não será de fato uma ombudsagem, visto que não trabalho no veículo – ainda. Mas o nome do cargo – que eu acho que deveria, de fato, ser criado – é muito pertinente, tanto com o veículo, quanto com o que me proponho a fazer. Posto isso, vamos ao que interessa.

Dia desses, ainda em janeiro, assinei a revista TPM – Trip Para Mulheres. Após quase um ano de minha chefeamiga (gente, desculpa, é a maldita reforma ortográfica...) comentando comigo sobre as edições mensais da tal revista e após ler algumas edições que peguei emprestadas ou comprei na banca, resolvi que seria esta a “revista feminina” que iria me completar. Revista de mulher moderna, que não quer conquistar-seu-homem-em-doze-lições, que não sucumbe à ditadura da magreza esquelética, que apresenta casos interessantes de gente interessante.

Liguei para o SAC da Editora Trip, parcelei a assinatura em duas vezes (bolsaestágio me obriga a fazer essas coisas) e fiquei esperando ansiosamente a chegada do pacotinho que, como havia me advertido a atendente da Trip, só chegaria na segunda quinzena de fevereiro.

Minha primeira TPM de assinatura chegou dia 14 de fevereiro, e com brinde – God knows como eu gosto de um brinde! Abri o pacote e fui dando as primeiras olhadas na revista dentro do carro, a caminho da casa do meu sogro. Fui de TPM para o churrasco, e com que prazer!

Acho que, se a equipe de redação da revista soubesse do conteúdo destes primeiros parágrafos, não teria feito uma revista tão maisoumenos (Altas! Reforma ortográfica!). Início de fevereiro, volta das férias, ano brasileiro quase começando – ainda não havia passado o Carnaval – e a TPM chegou morninha, morninha.

Devo admitir que algumas matérias corresponderam às minhas expectativas. A reportagem sobre as mulheres quitanda ficou excepcional. Muito bem escrita e me fez pensar em algo que não havia me passado pela cabeça antes: essas mulheres sacodem a bunda por opção, deliberadamente para ganharem dinheiro e sabem o que significa o que fazem em seus shows. Muito bom! Bacanérrimas também foram as páginas vermelhas. Mulher de verdade, cheia de problemas, que vai levando e consegue até ser feliz com o que realizou até hoje. Entram aqui neste parágrafo de elogios as crônicas da Milly Lacombe, Mara Gabrilli e Diana Corso: cada uma a seu modo escrevendo com sensibilidade extrema. Outro acerto: a peça coringa do mês, apesar de cara, foi muito bem escolhida.

Por outro lado, houve também o que me desagradasse “de com força”. Matéria Última Moda, por exemplo. Para início de conversa: “A proposta é que você, que pesa mais de 60 quilos e não se interessa por desfile, também fique linda com o modelito”. Achei ótima essa proposta, já que pertenço a esse grupo. Mas será que essa regra só se aplica fora da revista? Ao ver as fotos da matéria, percebi que eram exatamente as “magrelas” a posar com as tais roupas para a sessão de fotos da revista! Hello! Além disso, serão só as alunas recém formadas pela Faculdade Santa Marcelina as promessas no mundo da moda ou isso foi o que a redação teve tempo de apurar?

O Magazine beleza também não está lá essas coisas. Apesar de a Didi Wagner parecer ser mesmo uma mulher vaidosa mas sem frescuras – o que é um fato muito positivo – o fato de ela morar em Nova Iorque a distancia muito de nós, leitoras mortais, que moramos do Oiapoque ao Chuí. “Faço o estilo high-low: compro roupas da Zara, mas também uma ou outra peça de grifes mais caras, para pontuar o look”. Gente, socorro! Desde quando a Zara é de se desprezar assim aqui no Brasil? Por mais que haja as fantásticas promoções e que a marca seja o equivalente de nossas C&A, Riachuello e Renner no exterior, em terras tupiniquins comprar na Zara é pagar caro!

Essa discussão me leva a um outro ponto que já havia me incomodado um pouco em edições anteriores, mas que na TPM de fevereiro se intensificou. Cadê as pessoas normais? Cadê as pessoas que não são enteadas do Gabeira, ou professoras das estrelas, ou ex funcionárias da Trip Editora, ou filhos do João Ubaldo Ribeiro? Não que elas não tenham histórias interessantes para contar. Ao contrário, a experiência da enteada do Gabeira na África parece ter sido realmente extraordinária, e o filho do João Ubaldo Ribeiro é, de fato, um pitéu. Mas também há pessoas sem relação direta com figurões da cena brasileira que possuem histórias tão fascinantes quanto.

Por fim, sobre a editora convidada especial do mês. Que chatisse! Vou-me-mudar-de-apartamento-e-combinei-com-meu-marido-de-transformarmos-nosso-apartamento-atual-em-residência-moradia-uoréver-para-artistas. Socorríssimo!

Felizmente, o tempo é implacável e passa rápido. Assim, já nos encontramos em março, mês de uma TPM nova e – espero – renovada. Carnaval já passou, o ano definitivamente já começou. Mãos à obra!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Crescer

Aí um dia a gente vira gente grande e tem que fazer umas escolhas mais sérias do que dividir ou não o lanche com o colega na escola. Reforçando o clichê, optar por um significa deixar o outro de lado, e nunca saber como teria sido. Um sofrimento.

Como disse meu pai enquanto tentava me ajudar, “a gente pensa, repensa, leva em consideração os prós e contras de cada possibilidade, racionaliza. E termina por escolher usando a emoção, no final”. Como pesa a experiência de quase 30 anos a mais que eu, e como percebo isso nas crises.

Depois de passar uma tarde angustiada, peito apertado, aquele buraco dentro do meio de mim, em algum lugar perto do estômago, a decisão veio. Impávida que nem Muhamed Ali, apaixonadamente como Peri, tranquila - sem trema - e infalível como Bruce Lee e serenou meu coração.

Em 24 horas, acho que cresci alguns anos.