sábado, 17 de dezembro de 2011

#MemeDasAntigas – Meu melhor dia de 2011




Entra ano, sai ano e a vida não para de surpreender a gente, não é mesmo? 

Quando foi dia 24 de setembro, eu resolvi que queria ir ao Rock in Rio, dali a uma semana exata. Só tinha um pequeno porém: os ingressos haviam esgotado cinco meses antes. Uma conversa com um amigo que também queria ir e também estava sem ingresso foi o gatilho para a minha vontade virar força de vontade. A partir daí, comecei uma busca doida não por um, mas por dois ingressos para o Rock in Rio! 

Eu de cá e ele de lá, tentamos todos os métodos que podíamos: páginas no Facebook, amigos de amigos, sites na internet, agências de viagem. Cheguei a pensar em comprar R$300 de Coca-Cola no Martplus para ganhar dois ingressos. Mesmo sem o bendito na mão, na quarta-feira comprei minhas passagens de ida e volta – de ônibus, para poder cancelar com até três horas de antecedência da viagem sem pagar taxas, caso fosse necessário.   

Foi só na quinta-feira (dois dias antes do evento, vale ressaltar) que eu finalmente consegui os ingressos, da prima de uma amiga de uma amiga, que havia desistido de ir. E a melhor parte: não por R$600 como algumas pessoas estavam cobrando, mas por bem pouco mais do que os preços originais, que haviam sido vendidos seis meses antes. Na quinta à noite enviei uma mensagem para meu amigo, confirmando que estava com os ingressos na mão. “Você é sinistra” foi a resposta (que eu adorei). 

Sexta-feira era o dia da viagem. Mas antes, eu tinha uma dinâmica de grupo de um processo seletivo para uma vaga de trainee que eu estava fazendo. Não passei na dinâmica, mas conheci uma menina que também estava indo para o Rock in Rio no dia seguinte. Como se não bastasse a coincidência, ela ainda era uma menina muito legal! Trocamos telefones e ficamos de nos encontrar lá. Ela, o namorado e os amigos seriam minhas companhias, já que meu amigo só iria chegar bem mais tarde. 

Esse dia do Rock in Rio não tinha nada de rock, mas tinha um monte de coisas que eu queria ver. Jorge Drexler, Erasmo Carlos, Frejat, Skank, Maroon 5 e Coldplay era o que fazia meus olhos brilharem.
Peguei o ônibus na rodoviária de BH de pilequinho, porque havia passado na despedida do Bonde da Índia e tinha tomado duas caipirinhas. Ou seja: dormi a viagem inteira. Cheguei no sábado de manhã e foi o tempo de dar uma descansada, tomar banho, almoçar e sair para a Cidade do Rock. Meu amigo havia me dado todas as instruções de como chegar lá de ônibus comum – e não o especial do Rock in Rio, pelo qual estavam cobrando R$35 – e eu, como por milagre, acertei o caminho todo!

Depois de três horas e meia, cheguei à Cidade do Rock. Dava para ter chegado a Juiz de Fora, mas cheguei na Cidade do Rock e justamente a tempo de pegar o inicinho do show do Jorge Drexler. Artista uruguaio, pouco conhecido no Brasil, dividindo o palco com Tiê. Consegui ficar bem perto do palco e pude ver até os cabelos brancos do músico. Cantei Todo Se Transforma como se não houvesse amanhã.

Apesar de meio descrente que ela fosse mesmo querer me encontrar, liguei para a menina da dinâmica de grupo e qual não foi minha surpresa quando nós, de fato, nos encontramos no meio daquele infinito de pessoas! Surpresa maior ainda quando descobri que não só ela era muito legal, mas o namorado dela também e os amigos também! Passei com eles a tarde, até a hora de encontrar meu amigo atrasado.
A essa hora, os shows do Palco Mundo já haviam começado. Com Frejat, cantei todas as músicas; com Skank, tirei a camisa e rodei, junto com a galera; teve Maná; e aí veio o Maroon 5 e, com ele, o Adam Levine e sua irresistível presença de palco. Ninguém diria que não eram a atração principal. Aliás, para mim, eram. Mas, de bônus, a noite ainda reservava o show do Coldplay, com o qual me surpreendi. Juro que não esperava tanto espetáculo. Eram lasers, telões, balões e tudo sendo visto por uma horda de fãs extasiados, que cantavam cada pedacinho da música. Para encerrar, Every Teardrop is a Waterfall, que colocou uma coroinha dourada no meu Rock in Rio 2011.

O dia já estava bom demais como estava, mas o destino ainda não tinha se cansado de me ajudar. Amigo e eu estávamos prontos para caminhar durante horas e horas e pular de transporte público em transporte público até terminarmos exaustos e felizes em nossas casinhas, quando aparece uma van – até hoje acho que era clandestina – com exatamente dois lugares, indo exatamente para onde precisávamos e pelo mesmo valor que iríamos gastar do jeito mais difícil. 

Meu sábado de Rock in Rio terminou no domingo, às nove da manhã, ainda comigo sem acreditar no que havia sido aquela semana. O dia 01 de outubro não foi espetacular somente por causa do Rock in Rio e seus ótimos shows. Aliás, acho até que isso foi secundário. O que faz desse dia especial foi toda a conjunção de fatores que fez com que tudo desse certo e a realidade fosse ainda melhor que o planejado; foi a nova amiga que fiz, em circunstâncias nada prováveis; foram as minhas companhias para esses shows; foi as coisas terem saído exatamente como eu queria que tivessem sido. O que fez do dia 01 de outubro o melhor de 2011 foi perceber que, sim, life’s a bitch. Mas às vezes ela pode te dar bola.

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PS: Se você leu este texto até aqui, muito obrigada! Sofro de verborragia e algumas vezes sinto dificuldade em controlar minha síndrome. 

PPS: Meme das Antigas. Já sabe, né? Clica na imagem no início do post para saber detalhes, postagens futuras, participantes e coisetal.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

#MemeDasAntigas – Meu pior dia de 2011

 
13 de novembro de 2011. Ele havia marcado de ir na minha casa buscar o restante das coisas dele que ainda estavam lá. A televisão que ele tinha comprado pra gente, o home theatre, algumas roupas, coisas da moto... Não que esse dia tivesse chegado como uma total surpresa. Aliás, o dia 13 foi, na verdade, o desfecho de uma tragédia anunciada.

O primeiro sinal veio quando, depois de voltar de viagem, encontrei ele cheio de dúvidas e inseguranças, querendo dar um tempo. Tantas tinham sido as nossas tentativas sem sucesso de nos acertar e de aparar as arestas que concordei que valeria a pena tentarmos mais isso. Mas ele mudou de ideia. Depois eu mudei de ideia e, no meio de tantos desencontros, o que se desencontrou foram os interesses. Durante o tempo que demos, percebemos que não estávamos mais nos fazendo felizes, por mais que passássemos ótimos momentos juntos e que sentíssemos um carinho infinito pelo outro. Mas, de repente, não conseguíamos mais atender às expectativas que tínhamos. De repente, não era mais suficiente. 

Ele chegou e, antes de começar a recolher os pertences, começamos a conversar. Ele sentado em um sofá, eu no outro. Que estranha aquela falta de intimidade com alguém que, semanas antes, dividia comigo a cama, o copinho das escovas de dentes, as compras do supermercado, a vida. Que vazio.

Foi ele quem começou a falar. Me disse um monte de coisas de cuja conclusão foi “é melhor a gente terminar esse namoro”. Concordei. Concordei com tudo e com a conclusão também. O que mais me doeu foi que, depois de anos, estávamos enfim de acordo sobre alguma coisa: era melhor terminar aquele namoro.

Racional como sou, achei que as coisas fossem ser mais fáceis. Achei que a dor fosse ser menor. Achei que, sabendo que estávamos fazendo o melhor para nós dois, fosse conseguir lidar com mais facilidade. Mas quando atinei, estava com a cara inchada de tanto chorar, nariz entupido, cabeça doendo. Não acompanhei ele até a garagem. Ajudei a carregar as coisas até o elevador, fechei a porta e abracei o Otelo. Falei pra ele que “agora somos só você e eu, viu, preto”. Terminei o dia cortada ao meio.


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PS: Dividi o post de hoje do Meme das Antigas (que, originalmente, era o melhor e o pior dia de 2011) porque, por não ter falado desse assunto antes, achei que ele merecia um tratamento especial e, colocá-lo junto com o melhor dia tornaria o post muito longo. Além disso, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. :)



PPS: Mais detalhes sobre o Meme e os temas futuros, junto com as datas, no blog do Max (é só clicar na imagem no início do post).

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

#MemeDasAntigas – Minha música favorita em 2011

 
Já vou logo avisando: você não vai ver Adele aqui, sinto muito. Não que eu não goste dela, mas Adele está longe de ser minha preferida. Acho que, sim, ela tem uma voz incrível e canta com muita sensibilidade. Mas não consigo deixar de achar que essa voz toda é desperdiçada com aqueles arranjos que beiram a Clarice que canta.

Esclarecido de quem não é a minha música favorita este ano, vamos começar a roubalheira no Meme, mais uma vez. Ah, gente, é que um ano é muito tempo e é impossível ficar com uma musiquinha só para ser a favorita do ano inteiro! Proponho, então, um Top 3 canções de 2011 na minha opinião:

1)    Estive lá e vi ao vivo e bem de perto. Esta é a prova cabal que a competência técnica e um senso estético musical refinados transforma qualquer música em uma boa, uma ótima música. Deliciem-se com esta versão de Tiê e Jorge Drexler para – pasme! – Você Não Vale Nada Mas Eu Gosto de Você:





2)    Não é porque o Adam Levine é uma graça. Não é porque eu pegava ele fácil na micareta. Não é porque ele é um charme no palco. Moves Like Jagger está na lista porque é uma delícia. Porque eu adoro o refrão e o assovio do inicinho. Porque me dá alegria!





3)    Como não amar as músicas desse cara, que transformam qualquer dia em sexta-feira? Com vocês, Mika:

#MemeDasAntigas – Meu livro favorito em 2011


Fiquei mediamente satisfeita com a minha média de leitura este ano. Apesar de elas terem ficado concentradas no segundo semestre – quando eu tive algum tempo que pude chamar de “livre” para dedicar à leitura – consegui ao menos retomar o ritmo e o hábito de leitura, coisa que – não duvide – se perde mesmo quando não se tem a leitura no cotidiano.

Dentre os livros deste ano, foi o último lido que me arrebatou o coração. Foi de Ricardo Somocurcio e de sua menina má que fiquei refém e a quem dediquei toda uma tarde de domingo para saber onde iria terminar aquele amor de tantas caras e de tantos lugares. É de Travessuras da Menina Má (Mario Vargas Llosa) que estou falando.


A história de Ricardo Somocurcio e da menina má é contada com doçura por Vargas Llosa, que contextualiza sua obra no cenário mundial. É pelos olhos de Ricardito que vemos os movimentos revolucionários no Peru dos anos 50, a Paris dos anos 60, a Londres hippie e anti-guerra dos anos 70. É com o olhar dele que vemos a menina má se transformar e assumir suas tantas personalidades. 

No início, fiquei irritada com Ricardo e sua devoção incondicional à menina má. Cheguei a ter a máxima “Ricardo Somocurcio, você me irrita” como um mantra, que ecoava na minha cabeça no ônibus, no caminho para o trabalho, no banho. Mas ao final da leitura, terminei sentindo um pesar profundo. Uma compaixão por Ricardito e pela menina má, que sofreu brutas consequências por suas escolhas.

Sei que um filme, livro, série é muito bom/boa quando tenho uma sensação de vazio ao terminá-lo/a. Assim, basta dizer que me senti órfã de Ricardo Somocurcio e de sua menina má quando cheguei ao ponto final.
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PS: Parei com as desculpas por atrasar os posts do Meme das Antigas. Se desculpar uma vez é aceitável. Duas, é ok, mas na terceira já passa a ser sem-vergonhice! Mas com o fim do ano – e minha viagem para “casa” – chegando, estou me vendo cheia de tarefas. Assim, vou tentar manter tanto a assiduidade quanto os prazos no meme, mas quando não der... vai no dia seguinte mesmo!


PPS: Já sabe, né? Post do Meme das Antigas. Para outros participantes, mais informações e temas futuros, é só clicar na imagem no começo deste post. 

sábado, 10 de dezembro de 2011

#MemeDasAntigas – Um vídeo do Youtube em 2011


Ói lá eu atrasada no Meme das Antigas de novo! Mas, gente, tenho justificativa: quinta-feira foi dia de comprar a maioria dos presentes de Natal. E o fiz no BH Shopping (sem mais.). Ontem eu fui terminar de comprar os presentes de Natal. No centro de Belo Horizonte. Já mencionei que estamos em dezembro e nesta cidade chove incessantemente nesta época do ano? E à noite fui trabalhar. Convenci sobre meus motivos para ter atrasado a postagem?

Desculpas Justificativas dadas, tenho a dizer que não ter postado o vídeo do Youtube no meme ontem foi uma boa coisa. Afinal, ontem mesmo vi o vídeo que acabou se tornando o meu preferido de 2011. Foi gravado em Bolonha, cidadezinha italiana onde morei por oito meses em 2007/2008 e da qual morro de saudades diariamente. Mas, além de evocar todo tipo de sensações boas em mim, esse vídeo ainda tem a vantagem de ser em stop motion, técnica de que eu gosto muito. E a música é boa! Assiste, gente:


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Mais um post do Meme das Antigas, gente. Já foi no Pequeno Inventário de Impropriedades ver quem mais está nessa? Para dar uma passada por lá, é só clicar na imagem no início deste post. Tá valendo a pena, viu?

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

#MemeDasAntigas – Meu site/blog preferido em 2011



Ela tem 30 anos, é jornalista, feminista, bem resolvida e tinha como meta transar com 100 homens em 2011. Queria colocar suas experiências em um blog, num misto de diário, caderno de recordações e serviço de utilidade pública – mostrando às mulheres que uma vida fora dos moldes seapaixonar-namorar-casar-terfilhos-serfeliz é possível. Também tratou de outros temas, alheios às suas aventuras sexuais, mas sempre dentro da temática da sexualidade e, com isso, tocou em muitos tabus. Não se furtou a desabafar nem a reclamar sobre seus inúmeros haters, que transformavam os comentários em um cenário dantesco.

No meio do caminho da empreitada, porém, descobriu que não seria possível bater a meta. O motivo: os homens falam mais do que fazem. E reduziu o número inicial pela metade. Quisera ter sido esse o único impedimento para que ela levasse ao fim seu projeto de ir para a cama com 100 homens diferentes em um ano. Mas ela enfrentou outras dificuldades: desemprego, questões sérias de saúde, a lembrança de uma tragédia na família, o término de um namoro e, por fim, uma crise depressiva. Ufa! Se é problema demais para mim, que me encaixo bem no perfil que essa moça tem, imagino que também seja para ela.

Diante de tantos percalços, o blog acabou virando toda uma outra coisa. Deixou de tratar de sexualidade e assumiu muito mais seu caráter de diário, falando sobre depressão, as dificuldades que as pessoas têm em lidar com um depressivo, a solidão, sobre suas frustrações e revoltas. Mas continuou prestando um serviço: mais comum do que se imagina, a depressão ainda é encarada como “frescura”, “falta de uma pilha de louça pra lavar” ou “carência afetiva”. Assim, um espaço aberto para a discussão do tema e onde as pessoas podem se informar mais sobre o assunto é muito útil.

Introdução feita, deixo vocês com o Cem Homens, por Letícia F. (que, espero, se recupere rápido e leve a cabo os conselhos que recebeu de virar colunista de sexualidade para alguma publicação, ou que continue escrevendo sobre o tema no blog mesmo).




Vou dar uma roubadinha no Meme e vou falar também sobre um outro blog, este que já mora no meu coração há anos! É o Championship Vinyl, do amigo querido Rob Gordon, que ganha menção honrosa neste post. Leio o Champ desde 2007 e, nessa época, ele me fazia companhia na vida às vezes sozinha de intercambista. Nestes quatro anos, vi fases muito diferentes do Champ – que refletem, automaticamente, fases diferentes do próprio Rob. Nos últimos meses, vi uma fase triste, que não gostaria de ter visto. Mas é com uma felicidade genuína que vejo o Champ – e o Rob – voltar aos bons e velhos tempos, com posts sobre o cotidiano muito bem temperados com a sensibilidade e o humor ácido desse escritor que adoro. Com vocês, o novo velho Championship Vinyl:



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Este post faz parte da blogagem coletiva Meme das Antigas, promovida pelo Max Reinert. A proposta é as pessoas fazerem um balanço de 2011, espantar os exús e concentrar as boas energias para 2012. Para saber mais sobre o Meme, os participantes e os temas que estão por vir, passa lá no Pequeno Inventário de Impropriedades (link na imagem no início deste post).

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

#MemeDasAntigas – Meu filme preferido em 2011




Estou atrasada, eu sei. Mas sabe como é, né: antes tarde... que mais tarde! Rs Além do mais, ontem houve vários posts do Meme das Antigas, então foi bom guardar alguma coisa para as pessoas lerem hoje (desculpa de peidorreiro mode: on).

Enfim. Hoje é dia de falar do meu filme preferido em 2011. Apesar de ter visto alguns filmes legais este ano e de ainda não ter assistido a Os Muppets ou ao A Pele que Habito, não há dúvida: o título vai para Harry Potter and the Deathly Hollows – Part II. Um filme que encerra uma história que marcou uma geração. Um filme que me faz ter uma tonelada de coisas em comum com meus melhores amigos. Um filme que traz escolhas muito acertadas de um diretor com uma sensibilidade ímpar para o clima que o livro retrata. Um filme com indiscutível qualidade técnica e estética.

Esperei para ver a última parte da saga de Harry Potter como todo pottermaníaco: com ansiedade. Próximo ao lançamento do filme nos cinemas, já sabia que seria demitida do emprego em breve. Assim, fiz da ocasião um momento solene: seria, ao mesmo tempo, o encerramento de um ciclo, uma catarse e uma homenagem à minha – de certa forma – qualidade de pessoa livre. Na minha primeira quarta-feira de desempregada, na sessão das três e pouca da tarde, lá estava eu, compartilhando com mais algumas pessoas uma sala quase vazia.

Logo no início do filme, a primeira vez que o dragão que guarda o cofre de Gringotts aparece foi a senha para que eu começasse a chorar. Daí para a frente, meu pacotinho de lencinhos de papel foi meu companheiro de filme, mais do que o balde de pipoca e o de refrigerante que havia comprado antes de entrar para a sala do cinema.

Sem saber, Harry Potter assistia comigo ao início do fim de um ciclo da minha vida.



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Este post é uma participação na blogagem coletiva do Meme das Antigas, em que vários blogueiros farão uma retrospectiva deste ano que estamos terminando. Para saber mais sobre o meme, os participantes e os futuros temas, basta acessar o Pequeno Inventário de Impropriedades (link na imagem no início deste post).

sábado, 3 de dezembro de 2011

#MemeDasAntigas – Mas 2011 ainda não acabou, ainda vou tentar...



Sete anos de namoro. Sete anos sem sair pra balada para dançar porque o então namorado não curtia esse tipo de programa e, apesar de nunca ter ligado que eu fosse sem ele, minha opção sempre acabava sendo abrir mão da balada e ficar na companhia dele. Eis que ontem resolvi retomar minha vida de jovem solteira e fui pra buátchi com azamygha.

Lugar lindo, música ótima, bar bem variado. Encostei no balcão e pedi para o barman “um drink que venha naquele copão. Pode escolher um pra mim, só não coloca anis, nem faz muito doce e nem muito amargo”. Vi ele misturar vários alcoólicos e, no fim, colocar suco de laranja e de abacaxi. Vi os drinks das minhas amigas acabarem e meu copão ainda estar pela metade.
Não satisfeita com o pilequinho adquirido, resolvi ir ao bar e pedir outro drink no copão. Mesmo esquema: o bartender escolhe, nada muito doce nem muito amargo, abominamos anis.

Novamente, vi o moço misturar vários alcoólicos e, no fim, colocou um chorinho de Coca e um dedo de energético. Ao terminar a mistura, ele olhou pra mim e fez o fatídico sinal de “tá fudida!”. Perguntei a ele o que tinha ali dentro. Rum, vodka, tequila, whisky, Coca e energético foi o que ele respondeu, mas tenho certeza de que ele também colocou uma lágrima do Capeta dentro daquele copo.

Já no primeiro gole largo, sentir o lugar rodar. Mas a situação estava sob controle enquanto eu estava de pé e me movimentando na pista de dança. Foi quando entrei no taxi, tendo ingerido quase um litro de coquetéis, que percebi a gravidade da coisa. Para dar uma noção do tamanho do estrago, tenho a dizer somente que às 09h30min, quando fui levar Otelo no petshop, eu ainda estava bem zonza. Às 11h52min, quando fui buscá-lo também.

Diante do cenário descrito acima, amigos, o que eu ainda vou tentar em 2011 é curar esta ressaca, que é minha única grande preocupação no momento.



PS: Perder 3kg é uma meta de vida. Eu SEMPRE quero emagrecer 3kg, então pode pôr na lista de coisas que eu vou tentar fazer até o fim do ano também.

PPS: Para saber mais informações sobre o Meme das Antigas, quem está participando e os temas futuros, basta dar uma passadinha no Pequeno Inventário de Impropriedades (link na imagem no início deste post).

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

#MemeDasAntigas – Peraí... 2011 tá acabando?




Comecei este ano com o pensamento fixo nas minhas férias, que já estavam marcadas para junho. Seis meses de um primeiro semestre que sempre passa se arrastando, com previsão de grandes desafios (sem hipocrisia de RH, eram desafios mesmo) no trabalho e muita, mas muita encheção de saco pela frente. Estarei mentindo se disser que esses meses passaram rápido. Passaram nada. Janeiro foi eterno e já abriu as portas de 2011 com os dois pés no peito. Fevereiro foi só o pior mês de que tenho recordação em todos os tempos. Aí vieram março, abril e maio, todos chatos e longos e arrastados e... zzZZzzzZz...

Finalmente, junho chegou e trouxe minhas férias. Mas antes, trouxe a notícia que seria o marco zero do pior inferno astral que eu já tive, tanto pelo fato de ter sido turbinado com seis meses de duração quanto pelo que me reservou. A tal notícia foi nada menos do que o anúncio de que eu seria demitida após voltar das férias. O motivo declarado: “incompatibilidade de perfis”. Durante um tempo, eu cheguei a comprar a ideia, agora já tenho outra opinião sobre o assunto.

Do anúncio da minha demissão em diante, foi uma pica atrás da outra. Várias. Enormes. E nem as férias foram poupadas – afinal, bater o carro alugado e ter que pagar o conserto de R$2.000,00 não está exatamente dentro dos meus itens da lista “diversão”. Por outro lado, o segundo semestre, sim, voou. Junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro são grandes borrões de tempo, dos quais me recordo somente em partes e quando parece que a vida ficou estacionada. Não fiquei desesperada, porém. Desanimada, algumas vezes, mas desesperada nunca.

Aí, de repente, eu vejo que começou a chover em BH. Aquelas tempestades tropicais que esta cidade sabe produzir tão bem. Aqueles dias em que você olha pela janela de manhã e está chovendo; olha a janela à noite, antes de dormir e ainda está chovendo. Durante dias. Me lembrei de quando Laura – amiga italiana querida – morou aqui em casa e nos fazíamos companhia nesses dias de chuva. Batíamos papo, jogávamos conversa fora, contávamos nossos projetos, nossas vontades, dividíamos nossos problemas e nos confortávamos nas angústias. E nós moramos juntas nos últimos meses do distante 2009.

Hoje choveu. Aliás, hoje choveu mais do que o esperado para todo o mês de novembro em Belo Horizonte. Um pé d’água fazendo tanto barulho que me impedia de usar o telefone no trabalho (porque agora eu tenho um trabalho. #todascomemora). Aí lembrei que em Belo Horizonte chove muito no fim do ano. Aí percebi, de uma vez, que estamos no fim do ano. Aí me dei conta que 2011 está, realmente, acabando. Ainda bem.

Meme das Antigas 2011 – full version promised!




Ano passado, lá no longínquo 2010, este blog começou a participar do Meme das Antigas, iniciativa muito legal do Max Reinert. Mas a autora deste blog é uma relapsa incorrigível (hopefully not forever ) e largou a empreitada pelas metades.

Este ano, porém, o Meme das Antigas volta à blogosfera (acho brega falar “blogosfera”) para eu ter a chance de me redimir e também para fazer o balanço e exorcizar este ano que, hmm, deixou a desejar – para dizer o mínimo.

Assim, mais tarde tem o primeiro post do meme para nozes (“as árvres somos nozes”). Let the preparation for 2012 begin!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Com fé eu vou

Dia desses fiz aniversário. Precisamente quatro dias atrás. E aí que, nos 26 anos anteriores, eu nunca tinha tido um inferno astral de que me lembrasse. Tirando uma média, não consigo lembrar de um período realmente shitty da vida, principalmente de um que antecedesse o meu aniversário. Mas o Destino, todo mundo sabe, é um fanfarrão. E resolveu tirar a diferença às vésperas do meu 27º aniversário (coincidência ou não, aquela idade crítica, em que um monte de gente talentosa morre. Eu, talentosa, ando por aí carregando patuá até 25 de novembro do ano que vem). Desde junho que eu estava com uma zica que vou te contar: batemos o carro alugado na viagem de férias, perdi sacolas de compras, fui demitida, terminei namoro...

Cheguei ao dia do meu aniversário achando que não tinha nada para comemorar. Não fosse a Sula, nem teria lembrado que nossa data de nascimento marca o fim do inferno astral (que normalmente começa um mês antes do aniversário, mas né?).

Então dia 25 veio e, ao que tudo indica, saiu mesmo desatando alguns nós. Um frila muito legal, uma entrega que eu estava esperando desde semana retrasada, aluna precisando de mais aulas, faxineira que tinha saído e resolveu voltar... Tô botando fé.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Manifesto: Parem com as buzinas!

O negócio é o seguinte: eu não sou uma gostosa. Eu não sou daquelas mulheres lindas, com uma bunda enorme e incrivelmente redonda, nem com peitos espetaculares, nem de cintura fina. Também não sou super alta e chamativa. Sou uma mocinha comunzinha, baixinha, meio gordinha, normalmente ando de rabo-de-cavalo por aí. Nada demais. Mesmo. De verdade. Mas não há um único dia da minha vida que um carro não buzine para mim ou que um energúmeno venha me falar uma babaquice qualquer.

Todos os dias, eu saio para passear com o Otelo (meu cão) de manhã e à noite. E, em ambas as ocasiões, tenho que aturar nêgo palhaço enchendo meu saco. Hoje pela manhã, em um passeio de cerca de quarenta minutos, foram doze (DOZE) carros que buzinaram. Ontem à noite, caí na besteira de passar na frente de um bar e as vozes se confundiram, mas consegui identificar o famoso “nussssassinhora!” e o “que delícia, hein!” Na terça, fui obrigada a ouvir de um velho sem respeito a cantada do “seu cachorrinho tem telefone?” (sim, estamos em 2011 e essa ainda é aplicada). Fim de semana passado, fui abordada por dois caras em um carro, que me perguntaram “Hoje é seu aniversário?”. Respondi que não balançando a cabeça. “Mas você tá de PARABÉNS!”* foi o que ouvi em seguida. Isso porque eu nem vou entrar no mérito dos olhares para minha bunda (que, lembrando, não tem nada de sensacional).

Deve ter gente aí achando que eu deveria me sentir lisonjeada. Mas, não, galera! Longe de serem flattering, esses “galanteios” são ofensivos. Além de chatos (bagarai). Para quem ainda não parou para pensar nisso, mulher não é vitrine, que todo mundo pode comentar livremente e, eventualmente, cobiçar o que vê. E, para quem ainda tem dúvida, eu afirmo: mulher não gosta de ser cantada na rua. É uma afirmação categórica, clara, objetiva e universal. Não pense que não se pode generalizar, porque algumas gostam. Realmente, algumas podem gostar (e ouso dizer que essas precisam dar uma passada no psicanalista pra ver issaê), mas elas não são a regra e não devem ser encaradas como tal.

Outro dia, perguntei no Twitter o que pensa um cara que mexe com mulher na rua. E a resposta veio neste link (as legendas estão em Espanhol, mas acho que dá para entender bem). Como quem me mandou a resposta foi o Tyler Bazz, cara muito inteligente, tenho certeza de que ele estava brincando e não acredita realmente nisso. Agora, pensando na média do povo por aí, até posso acreditar que esse argumento (“não conseguimos pensar em nada melhor para chamar a atenção das mulheres”) seja verdade.

Sei que, na maioria das vezes, não adianta somente apontar o problema. É preciso sugerir soluções. Assim, para aqueles que ainda não conseguiram pensar em nada mais eficaz do que a famosa buzinadinha ou a cantada cretina, vou ensinar um truque que funciona em grande parte das vezes: converse que nem gente. Esse é o melhor jeito de pegar alguém – vale tanto para homens quanto para mulheres. É claro que você – homem – vai encontrar muita mulher bitchy por aí. Blame it on your fellas babacas, que geraram uma postura defensiva em muitas moças. Mas você vai se surpreender com a quantidade de gente de quem vai conseguir se aproximar. Todo mundo gosta de uma pessoa interessante, divertida e que sabe levar uma conversa gostosa. Agora, se você não tem conteúdo para segurar uma conversa, aí já são outros 500, né, migue.

Encerro este manifesto com um convite: se você também compartilha deste meu pensamento, divulgue esta ideia.

E parem com as buzinas. Porra.



* Essa até foi engraçada e os caras não estavam realmente me cantando, porque logo depois arrancaram com o carro às gargalhadas. E senso de humor conta pontos positivos. Mas está aqui para exemplificar o tipo de coisas que circulam por aí.

domingo, 13 de novembro de 2011

It Might Be You (ou Todos os Domingos da Minha Vida)

“Wondering how they met and what makes it last
If I found the place
Would I recognize the face?
Something's telling me it might be you
Yeah, it's telling me it might be you”

Ele vinha cantarolando a caminho de casa no domingo, já quase hora do almoço. Já estava na casa dos 70. Já não tinha mais a cabeleira que costumava usar. Na verdade, os poucos cabelos que restavam, na lateral e parte de trás da cabeça, estavam quase todos brancos. Também estava branca a barba, comprida. Continuava magro. E não abandonava a camisa xadrez de azul e branco, a calça jeans desbotada e o tênis.

Em uma mão, tinha uma sacola retornável e na outra segurava o celular. Era o celular que prendia sua atenção enquanto caminhava e cantava – bem afinadinho, apesar de não se esforçar para tal. Na telinha pequena, o envelopinho mostrava que havia recebido mensagem. Era ela, perguntando se ele já estava chegando com a batata palha e a gelatina sem sabor.

Cantarolando e respondendo à mensagem (“já saí da padaria. Por que, quer que volte para mais alguma coisa?”), pensou em quem estava em casa à espera. Ela, os três filhos – 35, 31 e 28, respectivamente – e os netos. Ele tinha netos! Três! Mas a caçula ainda morava em casa – “o dia que ela sair...”, pensou com uma pontinha de pesar. Será que eles já haviam chegado ou ela o estava apressando à toa?

Uma coisa leva à outra e ele se lembrou de coisas de mais de quarenta anos atrás. Ela não era a mais bonita. Nem a mais popular. Nem a família dela tinha dinheiro. Mas que inteligência! Que senso de humor! Que cabeça moderna para os anos ’50! Todas aquelas ideias sobre a igualdade entre os sexos, sobre a independência feminina, sobre vivermos do jeito que quisermos e não do jeito que esperam que vivamos. Era feminista, ora essa! E ele adorava. Nunca havia conhecido uma mulher tão decidida, tão confiante, tão divertida. Foi impossível não se apaixonar por tudo aquilo.

Também foi difícil aprender a conviver com tudo aquilo. Foi difícil aceitar que algumas tarefas da casa seriam dele; difícil aceitar que, sim, ela continuaria dando suas aulas; muito difícil aceitar ter tido que esperar até os 38 anos de idade para o primeiro filho, já que ela ainda queria terminar o mestrado antes de ser mãe. Mas cada aprendizado era um laço a mais que se atava entre os dois. Cada obstáculo vencido indicava que estavam fazendo um bom trabalho na empreitada que escolheram de ser uma família.

Ainda cantarolando, chegou em casa. O filho do meio já havia chegado com a esposa. A caçula – era a cópia da mãe! – terminava o livro em que estivera agarrada nos últimos dois dias. Ela – esposa, mãe, mulher, pessoa complexa mas de desejos simples – apareceu na porta da cozinha e olhou para ele por trás dos óculos com aquele ar apressado de sempre. “Traz a gelatina aqui, senão essa mousse não vai endurecer!”

Levou a sacola até a cozinha. Olhou em volta. Sentiu o cheiro da casa, das suas coisas, da sua vida. Reconheceu toda a sua história naqueles segundos. Provou um sentimento de pertença que não sabia o que era desde as lutas contra a ditadura na juventude. Olhou para ela e teve certeza, mais uma vez, de suas escolhas.

“Something’s telling me it might be you
Yeah, it’s telling me it might be you
All of my life”




sábado, 12 de novembro de 2011

Otimista até o osso

Minha vida está uma merda. Mas eu não acho.

Estou desempregada; fazendo uns trocados dando aula de reforço pra uma menina de 10 anos; dando um tempo num namoro de sete anos; longe da minha família; tentaram envenenar meu cachorro pela quarta (repito: quarta) vez; não consigo ter disciplina pra fazer uma dieta de três semanas e emagrecer os três quilos que estão me incomodando desde janeiro; meu e-mail só recebe spams; descobri que nem para dona-de-casa sirvo, porque passo os dias inteiros enrolando no computador e faxina, que é bom, nada. Isso já dura três meses.

Mas só percebi a fase urucada em que eu estou anteontem, quando ouvi minha mãe me falar ao telefone “acho bom este ano acabar rápido, porque ele não está bom pra você, não”. Foi só aí que enxerguei que estou na merda. O que estou estranhando é que enxerguei isso como se fosse alguém de fora, como se esses problemas todos não fossem problemas de verdade, ou como se não fossem meus. E aí concluí que estou numa fase de ver o copo cheio.

Estou desempregada, mas recebendo salário desemprego (não é o ideal, mas dá pra pagar o supermercado); nas aulas particulares, relembro um monte de coisas que é sempre bom saber; o tempo no namoro está sendo precioso para eu me conhecer melhor e me relacionar melhor com o mundo; como não tenho compromissos fixos na cidade, posso ir frequentemente passar uns dias com a minha família; não emagreço, mas estou me achando bonita mesmo assim; meus e-mails só recebem spam, mas tenho conversado com muita gente pelo Gtalk; vou contratar uma faxineira com a grana das aulas particulares pra resolver o problema da faxina.

A princípio, então, está tudo ok. Fora o estranhamento de estar me sentindo bem com a vida na lama, tudo ok.

Neste mundo em que reclamar – principalmente nas redes sociais, pra todo mundo ver e palpitar – virou moda e onde as pessoas competem quem tem a vida mais cagada, eu não tenho medo de assumir: tá uma merda, mas tá bom. Porque cada célula do meu corpo é otimista.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Sobre feiúra e inconveniências

Eis que estava eu com Otelo parada na calçada esperando o sinal abrir para a gente atravessar. De repente, ouço de trás de mim:

- Cachorro é feio assim mesmo?

Olhei e era um senhor, com aquela cara de impáfia que algumas pessoas assumem quando velhas, certas de que a idade lhes garante imunidade sobre tudo. Resolvi manter o bom humor e respondi com um “Deste jeito!” e um sorriso. Mas ele me desafiou:

- Mas por que ter um cachorro feio assim?

- É, ele é feio, mas eu amo ele – respondi, mesmo discordando sobre o Otelo ser um cachorro feio.

- !

Aí eu resolvi que era hora de pôr fim àquilo:

- O senhor, por exemplo. Também é feio, mas deve ter gente na sua família que te ama. – e soltei um sorriso puro, deixando o velho abusado com cara de toda a pontuação conhecida pela gramática.

Já dizia minha bisavó: quem fala o que quer, ouve o que não quer.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Essa coisa de internet

Dia desses fiz uma dinâmica de grupo em um dos processos seletivos para trainee pros quais me inscrevi (a saber, não fui aprovada em nenhum. But it’s ok). Uma das atividades propunha que um grupo discutisse sobre a questão de a internet aproximar ou afastar as pessoas. E aí começou aquele velho papo de que afasta, porque as pessoas deixam de se encontrar porque passam a se falar mais pela internet e que tem gente que para de viver a vida pra viver na internet e blábláblá.

Pois eu afirmo categoricamente: aproxima. É claro que existem os casos extremos, em que a pessoa se isola e deixa a internet se tornar o foco na vida. Mas, sinceramente? Essa pessoa iria se isolar em outras coisas se a internet não existisse. Não fossem os jogos online, seriam os videogames. Não fossem os videogames, seriam os filmes. Não fossem os filmes, seriam os livros, e assim sucessivamente. Quem quer se privar do mundo vai encontrar um jeito de fazê-lo. Agora, passemos à defesa da minha tese.

Era uma vez – e, não, você não está lendo o início de um texto novo – uma turma de alfabetização lá nos idos de 1990. Era a minha turma. Com a minha mudança de cidade, perdi contato com as pessoas que estudavam comigo e que poderiam ter se tornado meus amigos for life. Quase 20 anos depois, por meio do – finado – Orkut, consegui encontrar novamente algumas dessas pessoas e retomar o contato. Os scraps trocados e as catch up talks feitas via Gtalk me permitiram chamar essas pessoas para sair e descobrir que elas se tornaram adultos maravilhosos. Gente interessante, inteligente, cheia de conteúdo, bem humorada, decente, com caráter. E agora essas pessoas estão novamente na minha esfera de amigos, compartilhando comigo mais uma parte da minha vida. E aí eu pergunto: a internet aproxima ou não aproxima?

Também é somente por meio da internet que consigo manter contato com as pessoas que conheci durante meu intercâmbio. Separadas por um oceano e, às vezes, cinco horas de fuso-horário, é o São Facebook e o São Gtalk que me permitem ainda manter essas pessoas próximas. É por meio dessas ferramentas que eu consigo contar a elas o que está acontecendo comigo e saber o que anda rolando nas bandas de lá. Foi por meio delas que já fui duas vezes a Salvador encontrar um dos meus melhores amigos feitos em Bolonha. Isso sem falar nas pessoas que estão fazendo intercâmbio agora e que mandam notícias diárias por meio da internet. E eu pergunto: a internet aproxima ou não aproxima?

Por fim, temos a situação que me inspirou a fazer este post. As formas de interação proporcionadas pela internet permitem certos fenômenos curiosos, como o fato de ser amigo de uma pessoa que você nunca viu pessoalmente. Está aqui uma prova contundente disso. E aqui mais outra. Funciona assim: você começa a ver as coisas de uma pessoa publicadas em site/blog/twitter. Se identifica com o que essa pessoa fala e percebe que essas coisas te acrescentam muito. Por causa da maravilha da Internet 2.0, consegue interagir com essa pessoa e, de fato, trocar ideias com ela. Em alguns casos – como no meu em relação ao Rob Gordon, do Champ – essa troca de idéias é continuada por anos e o que era uma amizade intelectual começa a virar uma amizade de verdade. Amizade em que você ri e chora junto; se preocupa se a pessoa está bem; pensa no que ela irá pensar – e, muitas vezes, acerta – sobre algo que você falou; dá, pede e recebe ajuda.

Mais uma vez, pergunto: a internet aproxima ou não aproxima as pessoas? Como tudo nesta vida, a internet é o que você faz dela. Faça boas escolhas, e a internet será uma wonderland, de infinitas possibilidades para alargar seus horizontes. Faça más escolhas e fique aprisionado ao universo dos sites de fofoca e das indiretas/reclamações no Facebook para sempre.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Vontade de blindar contra todo mal do mundo

Amor é uma vontade de blindar a criatura que você ama contra todo mal do mundo. É uma vontade de ter tudo nas suas mãos, para poder evitar que coisas ruins aconteçam. É querer – e não poder – entender o que você fez de errado para que os males não se repitam. É se sentir amargamente pequeno quando percebe que não pode.
Amor não é um único sentimento. Não é só vontade de proteger. Também não é só vontade de estar junto, nem vontade de chamegar. Muito menos vontade de não perder aquela criatura nunca mais na vida. É isso tudo junto, misturado com carinho e temperado com zelo.

Este texto é para o Otelo, que irá passar a noite no hospital veterinário por uma intoxicação.