Dia desses também comprei uma bicicleta. Aqui em Bologna todo mundo tem a "bici". Normalmente, são compradas na Via Zamboni, de fontes não muito ortodoxas. E com a minha não foi diferente. Um sábado de sol, gente na rua e adquiri uma bici velha novinha em folha.
Foi a partir daí que eu comecei a perceber uma certa hierarquia no trânsito bolognese, um aspecto muito interessante da cidade, que vos apresento agora.
Ao contrário do que se possa pensar, aqui o cume da pirâmide hierárquica não é ocupado nem pelos pedestres e muito menos pelos carros. Quem manda nas ruas da cidade são, de fato, as "magrelas". Bicicleta pode tudo. Debaixo dos pórticos da cidade (quarenta e dois quilômetros de pórticos, dá pra acreditar?), nas calçadas, nos cantos e nos meios das ruas, além, é claro, das ciclovias. Sineta grudada no guidom, e lá vão elas. Os pedestres saem da frente, os carros diminuem a velocidade, os ônibus param fora do ponto. Tudo por causa delas. "Area pedonale"*, diz a placa. Mas elas podem passar.
Logo após as bici, vêm os motorini. São motos de cinqüenta cilindradas, que podem ser guiadas por pessoas a partir dos dezesseis anos. Eles também são permitidos nas áreas para pedestres, mas devem se ater às ruas e obedecem às leis de trânsito.
Só neste ponto entram em jogo os pedestres. Desprovidos de sinetas que os façam serem percebidos, ficam à mercê da gentileza das bici e, algumas vezes, também dos motorini.
Por último vêm os carros, permitidos única e exclusivamente nas ruas, banidos das "area pedonale" e sujeitos a todas as leis de trânsito e reduções de espaço que podem ter uma cidade medieval.
Pertenci durante quase um mês ao grupo dos pedestres, mas me promovi à categoria alta há cerca de cinco dias. As mudanças são muitas e ainda me pego freqüentemente preocupada com os carros e, mais ainda, com os ônibus vindo em minha direção. Mas aos poucos a mentalidade vai mudando. Com o que é bom, a gente se acostuma fácil...
*Área de pedestres
Um comentário:
intiresno muito, obrigado
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